Tenho Zumbi dos Palmares, tenho Besouro, o chefe dos tupis,
Sou tupinambá, tenho as crianças, os caboclos e os boiadeiros todos em minha companhia,
Mãos de cura, cocares, arco-íris,
Zarabatanas, flechas e altares.
Tenho todos os pajés em minha companhia,
O Menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos.
A rainha do mar anda de mãos dadas comigo,
Me ensina o baile das ondas e canta para mim.
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo,
Garante meu sangue e minha garganta.
Em meu coração Maria acende sua luz e me aponta o Caminho.
Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã, giro o mundo, viro, reviro.
Voo entre as estrelas e brinco de ser uma, traço o cruzeiro do sul com a tocha da fogueira de João menino, rezo com as três Marias, me recolho no esplendor das nebulosas, descanso nos vales, montanhas, durmo na forja de Ogum,
mergulho no calor da lava dos vulcões, corpo vivo de Xangô.
Não ando no breu, nem ando na treva
É por onde eu vou, que o santo me leva
Medo não me alcança.
No deserto me acho, faço cobra morder o rabo, escorpião virar pirilampo.
Meus pés recebem bálsamos, unguentos suaves das mãos de Maria.
Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio.
Vivo de cara para o vento na chuva, e quero me molhar.
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi, cruzam o meu peito.
Sou como a haste fina, que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta.
Não mexe comigo, que eu não ando só.
Tenho os Orixás a guiar meu caminho.
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